Todo o trabalho partilhado neste blogue pode ser visionado, consultado e utilizado, mas, por favor, não apague os créditos de um trabalho que é meu. E não plagie. O plágio é uma prática muito feia. Se entender contactar-me o meu e-mail é anabelapmatias@gmail.com
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sábado, 19 de maio de 2012

28ª Aula - A reconquista cristã e a formação do Reino de Portugal

28ª Aula - A reconquista cristã e a formação do Reino de Portugal

Sumário: Ocupação muçulmana e reconquista cristã. Do Condado Portucalense à formação do Reino de Portugal. Formas de relacionamento entre os dois mundos - cristão e muçulmano.

Como vimos na aula anterior, a invasão da Península Ibérica, pelas tropas muçulmanas comandadas por Tarique, deu-se em 711. O primeiro confronto, vitorioso para os muçulmanos, aconteceu na Batalha de Guadalete, nesse mesmo ano. A progressão dos muçulmanos por terras peninsulares foi muito rápida, aproveitando divisões entre os visigodos. A esmagadora maioria dos habitantes não ofereceu grande resistência e em cerca de três anos a península ficou praticamente nas mãos dos ocupantes com exceção da região muito montanhosa das Astúrias, no norte, região onde se refugiou um grupo de cristãos visigodos que não se resignaram e não aceitaram a ocupação muçulmana e que, comandados por Pelágio, um nobre visigodo que foi o primeiro rei do primeiro reino cristão, o Reino das Astúrias, iniciaram, a partir daí, a resistência e a luta contra os invasores em 718. Em 722 deu-se a Batalha de Covadonga, ganha pelos exércitos cristãos e assim teve início um período da história peninsular conhecido por Reconquista Cristã, que foi muito lenta e feita de avanços e recuos. Outros núcleos de resistência formaram-se nos Pirenéus e na Catalunha.
Entretanto a reconquista prossegue e os reis cristãos recebem, frequentemente, a ajuda de nobres estrangeiros que vinham ajudar na luta contra o inimigo. Ao tempo de D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, vieram dois nobres originários da Borgonha, atual França, que se destacaram na luta contra os muçulmanos e que o rei recompensou pelo auxílio prestado dando a um, D. Raimundo, a filha legítima, D. Urraca, em casamento e o governo da Galiza e a D. Henrique a mão de sua filha bastarda, D. Teresa, e o governo do Condado Portucalense com a possibilidade de reconquistar e anexar ao condado mais terras que reconquistasse para sul, política seguida pelo Conde D. Henrique que procurou aumentar o seu poder e a sua autonomia mas sem se libertar por completo dos laços de vassalagem devidos ao rei de Leão e Castela. Após a morte de D. Afonso VI ficou regente D. Urraca até o seu filho, o futuro rei D. Afonso VII, ter idade para assegurar a governação.
À morte de D. Henrique, quem assegurou a governação foi D. Teresa uma vez que D. Afonso Henriques era ainda muito pequeno. D. Teresa, tia de D. Afonso VII de Leão e Castela, e influenciada pela nobreza galega, nomeadamente uma família muito poderosa, os Peres de Trava, enceta uma polítca que não visa minimamente a independência do condado. Mas parte da nobreza portuguesa e o próprio D. Afonso Henriques aspiram à libertação e independência do reino e estas duas fações, com interesses antagónicos, confrontam-se na Batalha de S. Mamede, em 1128, saindo vitoriosas as tropas leais a D. Afonso Henriques, que, a partir desta data, passou a governar o Condado Portucalense. Segue-se um período de relacionamento difícil e em 1137 é assinada a Paz de Tui em que D. Afonso Henriques se compromete a manter "fidelidade e segurança" ao seu primo, D. Afonso VII. Em 1138 deu-se a Batalha de Ourique em que as tropas comandadas por D. Afonso Henriques saem vitoriosas. Foi uma vitoria importantíssima para o aumento do poder e do prestígio de D. Afonso Henriques que, no ano seguinte, 1140, se vai intitular Rex Portugallensis", ou seja, Rei de Portugal, independência só reconhecida por D. Afonso VII, em 1143, pelo Tratado de Zamora, e só em 1179, pelo papa Alexandre III, através da Bula Manifestis Probatum.
Entretanto a reconquista prosseguia para sul e, em 1147, D. Afonso Henriques, O Conquistador,
recupera duas importantíssimas cidades - Santarém e Lisboa. E continua para sul, ajudado também pelas ordens religiosas militares dos Templários, Hospitalários e de Santiago, muito embora as reconquistas feitas no Alentejo tenham sido posteriormente recuperadas pelos muçulmanos. Nos últimos anos do seu reinado, incentivou a efetiva ocupação de terras, promoveu o municipalismo e concedeu forais para atrair populações às terras despovoadas.
Após a morte de D. Afonso Henriques, em 1185, a reconquista prosseguiu com D. Sancho I, D. Afonso II, D. Sancho II e D. Afonso III  e foi com este rei que a reconquista acabou em território português, com a conquista de Silves e Faro, em 1249.
Em 1297 é assinado o Tratado de Alcanises, tratado que regula a fronteira entre Portugal e Castela e Portugal ganha, basicamente, os contornos fronteiriços que ainda hoje mantém.
A reconquista cristã só termina em 1492 do lado castelhano, com a reconquista do Reino de Granada.
A convivência entre muçulmanos e cristãos nem sempre foi violenta e pautou-se por longos períodos de relacionamento pacífico entre as duas comunidades, uma rural e senhorial e outra urbana e comercial. Aos cristãos, que permaneceram em terras ocupadas pelos muçulmanos, chamamos moçárabes, enquanto os cristãos que se convertem ao islamismo são os muladis. Os mouros são os muçulmanos que permaneceram em terras recém ocupadas pelos cristãos e que continuaram a professar o islamismo.
Os cristãos beneficiaram enormemente do avanço e sofisticação da civilização árabe. A eles lhes devemos a numeração que usamos na atualidade, a chamada numeração árabe, muitas palavras de origem árabe, a introdução de novas técnicas de aproveitamento de água e de rega, novas plantas, nomeadamente os citrinos, o desenvolvimento da química, medicina, geografia, ciência náutica, astronomia, tão importantes para a época dos descobrimentos, que estudaremos no próximo ano letivo.

A apresentação em PowerPoint explorada em contexto de sala de aula, intitulada V - A reconquista cristã e a formação do Reino de Portugal pode ser consultada aqui.

Sobre esta matéria vejam também o interessantíssimo mapa dinâmico, da Porto Editora, aqui.
E os três vídeos que selecionei para vocês e que vos poderão ajudar a consolidar a matéria.
Não facilitem. Invistam na História.






A agora partilho convosco um vídeo mais ligeiro sobre os nossos primórdios como Nação. Aproveitem e bom trabalho.

Conta-me História - Fundação de Portugal RTP1
Podes encontrar mais aqui https://www.facebook.com/PassadoDistanteArqueologia/videosPassado Distante - Arqueologia
Publicado por Passado Distante-Arqueologia em Domingo, 10 de janeiro de 2016

18 comentários:

  1. Gosto dos seus comentários de mulher inteligente e hoje, por curiosidade, fui ver a sua aula.
    Eu, que estou de fora,notei que a escrita é bem clara mas os parágrafos são longuíssiiiimoooos, o que torna a leitura pesada mesmo para mim, que estou habituada a estas tarefas...

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  2. Olá Anónima!
    Obrigada pela crítica, construtiva, que eu muito aprecio. Confesso que escrevo normalmente de rajada, sem grandes preocupações quanto ao tamanho dos parágrafos. Vou ficar a pensar no que me disse porque, de facto, alguns parágrafos são longos. No entanto, vou-lhe dizer, em minha defesa, que parágrafos curtos escrevo eu nas apresentações em PowerPoint e os alunos têm também de se habituar a não se perderem e a acompanhar... afinal eles estão a crescer e estas aulas, aqui partilhadas, não são mais do que um complemento do que já foi esmiuçado em contexto de sala de aula. Mas sabe o que vou fazer? Vou pedir a opinião aos principais interessados, que são os meus alunos. Sei que nunca se queixaram, muito pelo contrário, mas quem sabe a opinião da maioria deles sem abertamente lhes perguntar?
    Excelente ideia! Obrigada pela colaboração. Mas fico contente por achar, apesar da crítica, o conteúdo claro...
    Abraço!

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  3. Cara Professora Anabela e Anónima

    Nós, alguns alunos de uma das Turmas da Professora Anabela achamos o seu comentário muito interessante e curioso mas nunca nos perdemos a acompanhar os textos do Blogue, pelo contrário, pensamos que os textos são uma boa ajuda para a compreensão das matérias lecionadas.

    Carlos Andrade,nº7
    João Sequeira,nº12
    José Macedo,nº13

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  4. Muito obrigada pela vossa participação, meus queridos alunos!
    Quando li o comentário, que me chegou anonimamente, fiquei a pensar se a anónima não teria um pingo de razão... muito embora vocês apreciem bastante o blogue.
    Aqui fica o registo da vossa opinião. Peçam aos vossos colegas a opinião deles, pf, e que a deixem aqui registada para eu poder passar à frente neste assunto.
    Agradeço-vos a participação, estudem... eheheh...
    E beijinhos! Amanhã lá nos encontraremos logo a abrir a manhã... que booooom!

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  5. Cara professora,
    Não se preocupe que está a fazer um bom trabalho. Melhor dizendo: um ótimo trabalho.
    O importante é que nós gostamos e que nos ajuda bastante.
    Não se preocupe com os pequenos pormenores.
    Beijinhos. :)

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  6. Muito te agradeço, minha querida Inês, o teu comentário! Eu confesso-te que também não tenho qualquer dificuldade em acompanhar o que escrevo... eheheh... mas sei lá... nem sei os estudos da anónima, nem a sua idade... e de repente fiquei preocupada por poder estar a falhar aqui nesta minha missão que encetei apenas porque sim... eheheh... apenas porque acho, sinceramente, que vos pode ajudar a compreender e a gostar mais do nosso passado coletivo, que nos trouxe aqui, aos dias que agora vivemos juntos.
    Beijinhos, querida Inês, e fica muito bem.

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  7. Obrigado agora vou tirar boa nota

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  8. Espero bem que sim, Anónimo!
    Beijinho e boa sorte!

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  9. Olá Anabela,

    Estava procurando material sobre Formação do Reino de Portugal e encontrei seu blog. Parabéns pela qualidade do seu trabalho!

    Beijos
    Isabela - Rio de Janeiro (Brasil)

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  10. Fico sempre feliz por saber que o meu trabalho foi útil para alguém! Muito agradecida pelo comentário, querida Isabela! Beijinhos daqui para aí!

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  11. Olá!
    Estou a fazer um trabalho sobre este tema e quando encontrei o seu blog fiquei maravilhada!
    OBRIGADA!

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  12. Excelente informação! De certeza que vai ser uma grande ajuda neste meu próximo teste de História! Continue a fazer estes textos pois ajudam imenso!

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  13. Gostei imenso do vosso trabalho que me foi duma grande ajuda para o meu teste de história em português aqui na França ! Está muito bem escrito, claro, e está dito o essencial ! Obrigada e beijos !

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  14. Grata eu, pelo teu comentário generoso e carinhoso de incentivo ao meu trabalho! Beijinhos, Anónimo Bom! Espero poder continuar a ajudar-te mesmo se à distância!

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  15. Anónimos a quem eu não respondi anteriormente... gratíssima pelo incentivo das vossas palavras! Bom trabalho! Sempre!

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  16. nos Forais das principais cidades no território português nos séculos IX, X XII, a maioria dos nomes são visigodos exemplos; Hufo Hufes, Hermenegildus, Sueiro,Gomici (abreviaçãode Gumercindus), Gundisalvus, Gunsalvus, Mendus, Balterius, Fromarico entre tantos outros nomes , já comprovam tacitamente que a nobreza portuguesa vem destes condes visigodos, ostrogodos, portantas evidencias de contibuidades dos visigodos em território português, que joga por terra a teoria celto-hispanica de fim da civilização visigótica na península ibérica. assim. LSouza

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  17. Agora vou ter muito boa nota.

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